Surdocegueira
e DMU
Surdocegueira
“A criança surdocega
tem uma das deficiências menos entendidas. Não é uma criança que não pode
ouvir, ou uma surda que não consegue ver. É uma criança com privações
multisensoriais, a quem foi efetivamente negado o uso simultâneo dos dois
sentidos distais.” C. Mclnnes e Treffry, 1982, p. xiii.
É uma deficiência única que apresenta a perda da
audição e da visão de tal forma que a combinação das duas deficiências
impossibilita o uso dos sentidos de distância, cria necessidades especiais de
comunicação, causa extrema dificuldade na conquista de metas educacionais,
vocacionais, recreativas, sociais, para acessar informações e compreender o
mundo que o cerca.
A surdocegueira, é
portanto, uma terminologia adotada mundialmente para se referir a pessoas que
tem perdas visuais e auditivas concomitantes em graus diferentes,
classificando-se segundo a intensidade das perdas: surdocegueira total; surdez
profunda com resíduo visual; surdez moderada ou leve com cegueira; surdez
moderada com resíduo visual;
perdas leves, tanto auditivas quanto visuais.
A surdocegueira é uma deficiência única e especial que
requer métodos de comunicação especiais, para viver com as funções da vida
cotidiana. (BEST Tony InformationGuide, definições de surdocegueira usadas
em outros países. Documento sem editar).
Deficiência Múltipla
“Expressão
adotada para designar pessoas que têm mais de uma deficiência. É uma condição
heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações
diversas de deficiências que afetam mais ou menos intensamente, o funcionamento
individual e o seu relacionamento social.” Ministério da Educação e Cultura,
MEC, 2000,p.4.
A
deficiência mútipla pode ser a deficiência auditiva ou a deficiência visual
associada a outras deficiências (intelectual e/ou física), como também a
distúrbios (neurológico, emocional, de linguagem e de desenvolvimento educacional,
vocacional, social e emocional, dificultando a sua autonomia.
Várias
podem ser as causas que envolvem a deficiência múltipla, como as de ordem
sensorial, de ordem motora e de ordem lingüística. Podem ocorrer nos períodos
pré-natal, Peri-natal e pós-natal.
O que difere a surdocegueira da DMU é que a
pessoa que nasce com surdocegueira ou que fica surdocega precisa da mediação de
comunicação para poder receber, interpretar e conhecer o que lhe cerca, pois
seu conhecimento do mundo se faz pelo o uso dos canais sensoriais proximais
como o tato, olfato, paladar, etc. Já na DMU, ela sempre terá o apoio de um dos
canais distantes (visão ou audição) como ponto de referência, sendo estes
canais os responsáveis pela maior parte do conhecimento que adquirimos ao longo
da vida.
São fundamentais para o trabalho e
desenvolvimento da linguagem das crianças com surdocegueira e DMU a interação e
a comunicação. Elas estão interligados. A comunicação implica em interação, e
mais a comunicação é definida como uma forma de interação em que o significado
é transmitido por meio do uso de sinais, que são percebidos e interpretados por
um dos pares.
Segundo Van Dijk (1965), devemos
considerar que a comunicação surge de uma interação entre o desenvolvimento
cognitivo e experiências sociais.
Todas as interações de comunicação e
atividades de aprendizagem devem respeitar a individualidade de cada aluno com
deficiência múltipla. Isto se refere a pessoas que possuem como característica
a necessidade de ter alguém que possa mediar seu contato com o meio. Assim, ocorrerá o
estabelecimento de códigos comunicativos entre o deficiente múltiplo e o
receptor. Esse mediador terá a responsabilidade de ampliar o conhecimento do
mundo ao redor dessa pessoa, visando a lhe proporcionar autonomia e
independência.
Assim, a comunicação é um reflexo do
desenvolvimento cognitivo que se manifesta durante as interações sociais.
Ainda para o desenvolvimento de
habilidades comunicativas não verbais, existem estratégias e meios que não
podemos desconsiderar, que são contínuos e graduais como: indicações
táteis/cinestésicas; sinais vocais visuais; indicações; gestos naturais; sinais
vocais; sinais físicos (movimento do corpo); objetos reais; objetos representativos;
fotografias de objetos; desenhos de objetos; ilustrações coloridas e em branco
e preto; pictogramas; palavras impressas ou em braile; língua de sinais.
Bibliografia:
Maia S. R. Aspectos
Importantes para saber sobre Surdocegueira e Deficiência Múltipla. São Paulo. 2011.
Apostila de curso de capacitação nas áreas da DMU e Surdocegueira. Texto
elaborado por Maria Aparecida Nina Comedi. 2003.