segunda-feira, 21 de abril de 2014

Surdocegueira e DMU
Surdocegueira


          “A criança surdocega tem uma das deficiências menos entendidas. Não é uma criança que não pode ouvir, ou uma surda que não consegue ver. É uma criança com privações multisensoriais, a quem foi efetivamente negado o uso simultâneo dos dois sentidos distais.” C. Mclnnes e Treffry, 1982, p. xiii.
É uma deficiência única que apresenta a perda da audição e da visão de tal forma que a combinação das duas deficiências impossibilita o uso dos sentidos de distância, cria necessidades especiais de comunicação, causa extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais, recreativas, sociais, para acessar informações e compreender o mundo que o cerca.
          A surdocegueira, é portanto, uma terminologia adotada mundialmente para se referir a pessoas que tem perdas visuais e auditivas concomitantes em graus diferentes, classificando-se segundo a intensidade das perdas: surdocegueira total; surdez profunda com resíduo visual; surdez moderada ou leve com cegueira; surdez moderada com resíduo visual;
perdas leves, tanto auditivas quanto visuais.
          A surdocegueira é uma deficiência única e especial que requer métodos de comunicação especiais, para viver com as funções da vida cotidiana. (BEST Tony InformationGuide, definições de surdocegueira usadas em outros países. Documento sem editar).

Deficiência Múltipla
         “Expressão adotada para designar pessoas que têm mais de uma deficiência. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o seu relacionamento social.” Ministério da Educação e Cultura, MEC, 2000,p.4.
A deficiência mútipla pode ser a deficiência auditiva ou a deficiência visual associada a outras deficiências (intelectual e/ou física), como também a distúrbios (neurológico, emocional, de linguagem e de desenvolvimento educacional, vocacional, social e emocional, dificultando a sua autonomia.
Várias podem ser as causas que envolvem a deficiência múltipla, como as de ordem sensorial, de ordem motora e de ordem lingüística. Podem ocorrer nos períodos pré-natal, Peri-natal e pós-natal.
 O que difere a surdocegueira da DMU é que a pessoa que nasce com surdocegueira ou que fica surdocega precisa da mediação de comunicação para poder receber, interpretar e conhecer o que lhe cerca, pois seu conhecimento do mundo se faz pelo o uso dos canais sensoriais proximais como o tato, olfato, paladar, etc. Já na DMU, ela sempre terá o apoio de um dos canais distantes (visão ou audição) como ponto de referência, sendo estes canais os responsáveis pela maior parte do conhecimento que adquirimos ao longo da vida.
            São fundamentais para o trabalho e desenvolvimento da linguagem das crianças com surdocegueira e DMU a interação e a comunicação. Elas estão interligados. A comunicação implica em interação, e mais a comunicação é definida como uma forma de interação em que o significado é transmitido por meio do uso de sinais, que são percebidos e interpretados por um dos pares.
           Segundo Van Dijk (1965), devemos considerar que a comunicação surge de uma interação entre o desenvolvimento cognitivo e experiências sociais.
           Todas as interações de comunicação e atividades de aprendizagem devem respeitar a individualidade de cada aluno com deficiência múltipla. Isto se refere a pessoas que possuem como característica a necessidade de ter alguém que possa mediar seu  contato com o meio. Assim, ocorrerá o estabelecimento de códigos comunicativos entre o deficiente múltiplo e o receptor. Esse mediador terá a responsabilidade de ampliar o conhecimento do mundo ao redor dessa pessoa, visando a lhe proporcionar autonomia e independência.
           Assim, a comunicação é um reflexo do desenvolvimento cognitivo que se manifesta durante as interações sociais.                                                          
           Ainda para o desenvolvimento de habilidades comunicativas não verbais, existem estratégias e meios que não podemos desconsiderar, que são contínuos e graduais como: indicações táteis/cinestésicas; sinais vocais visuais; indicações; gestos naturais; sinais vocais; sinais físicos (movimento do corpo); objetos reais; objetos representativos; fotografias de objetos; desenhos de objetos; ilustrações coloridas e em branco e preto; pictogramas; palavras impressas ou em braile; língua de sinais.

Bibliografia:
Maia S. R. Aspectos Importantes para saber sobre Surdocegueira e Deficiência Múltipla. São Paulo. 2011.
Apostila de curso de capacitação nas áreas da DMU e Surdocegueira. Texto elaborado por Maria Aparecida Nina Comedi. 2003.